No universo do treino de força, é fundamental saber distinguir os factos da ficção para alcançar resultados eficazes e saudáveis. Com o excesso de informação disponível na internet é comum encontrar mitos que podem comprometer os resultados desejáveis.
Desta forma, vamos explorar 5 mitos relacionados com o treino, no sentido de proporcionar uma visão mais esclarecedora sobre as práticas verdadeiramente benéficas para o fortalecimento muscular, resistência e bem-estar físico.
Acredita-se que é possível alcançar resultados significativos apenas com algumas semanas ou meses de treino. Na realidade, este é um processo demorado que exige dedicação e compromisso. O corpo precisa de tempo para se adaptar ao novo estímulo imposto e para promover adaptações estruturais. Além disto, só é possível alcançar resultados caso exista um equilíbrio entre: treino regular, alimentação equilibrada e repouso adequado. A crença de que é possível uma transformação rápida pode levar a escolhas pouco saudáveis e seguras comprometendo a saúde da pessoa.
Uma crença muito comum é que a dor na coluna é causada por pegar em pesos com uma postura “incorreta”. Contudo, não existe evidência científica robusta que afirme que realizar exercícios com a “coluna direita” reduz o risco de lesão. De facto, os halterofilistas realizam exercícios com altas cargas com a coluna fletida e apresentam uma das menores taxas de lesão/dor lombar.
A coluna vertebral é uma estrutura robusta e adaptável capaz de se mover e suportar em segurança uma variedade de posturas. Advertências comuns para proteger a coluna não são necessárias e podem levar ao medo do movimento (cinesiofobia).
Foi-nos incutido que realizar alongamentos no início e no final do exercício é a melhor maneira de evitar lesões. Porém, estudos científicos recentes verificaram que a realização de alongamentos estáticos (>60s) antes da atividade desportiva pode reduzir os níveis de força e de potência bem como pode comprometer a performance. Assim, deve-se optar por um aquecimento dinâmico com movimentos ativos e que façam sentido para a atividade desportiva.
Um dos grandes entraves, do público feminino, ao treino de força prende-se com o facto de associarem este tipo de treino com o excessivo crescimento muscular. Qualquer ganho muscular requer um esforço adequado e específico. No entanto, é de frisar que existem diferenças genéticas e hormonais entre géneros em que, as mulheres por exemplo, produzem testosterona em menor quantidade. Por sua vez, estas diferenças, dificultam o crescimento muscular principalmente em quantidades exageradas. Neste sentido, o treino de força é uma estratégia-chave para as mulheres pelos inúmeros benefícios que acarreta sem proporcionar ganhos excessivos de massa muscular.
Algumas pessoas acreditam que, à medida que vão envelhecendo o treino de força é prejudicial para a saúde. Contudo, a implementação do treino de força é uma estratégia efetiva para todas as idades. Ajuda a prevenir a perda de massa muscular e da densidade mineral óssea (sarcopenia). Devem ser implementados programas de exercícios personalizados e supervisionados por profissionais especializados garantindo a segurança e a eficácia dos mesmos.
Em suma, é essencial desmitificar conceitos e abordagens erradas em relação ao treino de força para que, seja possível transmitir informação científica e verdadeira garantindo a compreensão da pessoa para que alcance resultados positivos e duradouros.
Filipe Bastos, Fisioterapeuta
Referências Bibliográficas: