As crianças podem não ter os mesmos recursos que os adultos, mas vivem no planeta Terra e
não são alheias ao que se passa à sua volta.
Vêem, ouvem as notícias, as conversas e sentem o impacto emocional em todos os que as rodeiam. Na escola, conversam com os colegas, cruzam informação e desinformação e criam as suas próprias interpretações e leituras acerca do que está a acontecer no mundo.
Por isso, é essencial conversar com as crianças sobre a guerra. Mas como?
1. Escuta-a, permite-lhe falar e fazer perguntas.
2. Permite-lhe exprimir o que está a sentir. Não há emoções certas nem erradas, nem soluções mágicas. A tristeza e o medo não precisam de ser eliminados, precisam de ser escutados e validados.
3. Dá-lhe respostas simples e adaptadas à sua idade e capacidade de compreensão, mas que sejam verdadeiras. Num momento de medo e incerteza, é importante a criança poder confiar nos adultos que a rodeiam.
4. Assegura-lhe de que há esperança e muitas pessoas a tentar ajudar e a trabalhar para que o conflito se resolva de forma rápida.
5. Lembra-a de que numa guerra nunca há vencedores. Todos perdem e é por isso que é importante apostar sempre em soluções pacíficas para a resolução de conflitos. Um cenário de guerra dá-nos uma oportunidade de ouro para falar com as crianças sobre questões fundamentais como a ilusão da superioridade/inferioridade; o racismo e a xenofobia; a competição versus a cooperação; o poder como uma força para o bem e não para subjugar outros, etc.
6. Envolve-te com os teus filhos em iniciativas pró-sociais de ajuda. Sentir que podemos fazer a diferença, confere propósito e fortalece a resiliência.
7. Sê um exemplo na tua vida diária de resolução pacífica de conflitos. Sempre que possível, escuta, negoceia, chega a consensos e a compromissos em que todos beneficiem.
8. Monitoriza a saúde psicológica dos teus filhos e fica atento/a a sinais de stress ou perturbação.
9. Monitoriza a tua saúde psicológica. Tu és o principal modelo para os teus filhos. A forma como fores capaz de gerir as tuas emoções perante esta situação, irá influenciar a forma como eles também o farão.
Ana Raquel Roseiro, Psicóloga