A ansiedade é uma emoção universal, que pode ser normal ou patológica. Todos nós já sentimos ansiedade, em algum momento das nossas vidas, no entanto, por vezes, ela é confundida com o medo.
A ansiedade é uma emoção universal, que pode ser normal ou patológica. Todos nós já sentimos ansiedade, em algum momento das nossas vidas, no entanto, por vezes, ela é confundida com o medo.
O medo é uma emoção básica, que surge como resposta a um estímulo/situação que seja reconhecido/a como um perigo real (e.g., quando nos encontramos a atravessar a passadeira e nos apercebemos de que vem um carro, na nossa direção, e não vai parar).
Por outro lado, a ansiedade é uma “mistura de emoções”, como o medo (predominante), a frustração, a apreensão, a repulsa, podendo sofrer variações, ao longo do tempo, em termos de duração e/ou intensidade.
A ansiedade poderá, ou não, ter uma causa associada. Um dos objetivos da terapia é identificar os fatores que desencadeiam esses episódios de ansiedade, com o intuito de reduzir a sua ocorrência. Esses episódios podem estar associados, por exemplo, a:
A ansiedade é, no fundo, uma resposta adaptativa do organismo, caracterizada por um conjunto de alterações fisiológicas, comportamentais e cognitivas, traduzindo-se num estado de grande ativação e alerta, perante um sinal de perigo ou ameaça.
Se pensarmos numa perspectiva evolutiva (evolução da nossa espécie), a ansiedade começou por surgir para nos proteger de eventuais ameaças (p. e., predadores), ou seja, surgia para que conseguíssemos sobreviver. Atualmente, e porque se vai adaptando e sofrendo alterações, conforme as nossas vivências e experiências, ela surge noutro tipo de situações (antes de um teste/exame/reunião, quando enviamos uma mensagem e esta foi vista e ignorada, …). Esta é uma ansiedade normal, saudável, adaptativa e necessária, para que possamos dar resposta às nossas necessidades, responsabilidades e objetivos (preparar-nos para uma reunião, estudarmos para um exame, …). No entanto, quando ela excede os limites da normalidade, torna-se desadaptativa e limitadora (física e psicologicamente). Essa é uma ansiedade patológica, ou seja, o perigo a que pretende responder não é real e/ou o nível de ativação e de duração são desproporcionais, face à situação que se está a vivenciar.
Todo o tipo de pensamentos que surge, diariamente, na nossa mente (sob a forma de imagens ou frases), de modo intrusivo e/ou assustador, mantendo-nos num estado de ativação intensa ( “e se o avião cair?”; “será que vou ser despedida?”; “já sei que vou falhar na apresentação oral”).
A sintomatologia física engloba aquilo que acontece, no nosso corpo, como consequência da ansiedade. Em função da intensidade da ansiedade, o nosso organismo poderá manifestar diferentes tipos de sintomas físicos, como por exemplo:
A forma como agimos poderá sinalizar-nos que sentimos ansiedade, já que alguns comportamentos poderão estar a alimentar essa ansiedade. Esse tipo de comportamentos podem manifestar-se, através de:
É extremamente difícil aceitar que aquilo que sentimos é, afinal de contas, ansiedade, por não ser algo visível ou palpável. Por isso, a tendência é considerarmos que “isso vai passar”, porque “é só uma fase”, e sentirmos vergonha, evitando falar sobre o assunto, mesmo com quem nos é próximo.
Por esse motivo, muitas pessoas procuram ajuda, num estado limite, ou seja, quando a ansiedade já as domina (quando já não dormem bem, não conseguem comer ou comem excessivamente, não conseguem concentrar-se, não têm interações sociais, …), e, por vezes, já depois de terem realizado vários exames médicos (na sequência de algumas idas à urgência).
É, nesse sentido, preponderante alertar que, quando a ansiedade se torna uma presença assídua, compromete a nossa qualidade de vida, e, quanto mais a tentarmos evitar, mais ela ganha força, permanecendo na nossa vida. Se a ansiedade ganhar estas proporções (excessivas), no nosso dia a dia, o nosso humor estará, eventualmente, comprometido, podendo começar a surgir, também, uma sintomatologia depressiva.
Não subestime a sua ansiedade, pois ela irá dar-lhe pistas de que algo precisa de ser resolvido e que, para isso, terá de “olhar para dentro” e pensar mais em si!
Iara Espírito Santo, Psicóloga, OP 27238
Referências Bibliográficas
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