A dor na virilha e na anca é um sintoma comum entre atletas, principalmente em desportos com grande exigência sobre a anca. Em muitos casos, a origem do problema é o Conflito Fémuro-Acetabular (CFA) — uma limitação mecânica que afeta o rendimento e, se não for gerida, pode levar a lesões mais graves.
Mas o que é o Conflito Fémuro-Acetabular (CFA) e porque afeta tantos atletas?
O CFA é um contacto anormal entre a cabeça/colo do fémur e o rebordo do acetábulo durante os movimentos da anca. Em atletas, este contacto ocorre sobretudo em posições repetidas de flexão, adução e rotação interna da anca — comuns em gestos técnicos como chutar, agachar, sprintar ou mudar de direção. Este conflito reduz a liberdade articular e pode danificar o labrum acetabular e a cartilagem, comprometendo o desempenho desportivo.
Existem 3 tipos de conflito:
Em modalidades como o Futebol, Hóquei, Artes marciais, Dança, Ginástica, Ciclismo, CrossFit, Halterofilismo e outros, a anca é levada repetidamente a amplitudes máximas, muitas vezes sob carga ou em alta velocidade.
Este stress repetitivo favorece o desenvolvimento e agravamento do conflito — especialmente se houver predisposição anatómica.
Em atletas jovens, o treino intenso durante o crescimento pode levar ao desenvolvimento de deformidades tipo Cam.
O CFA pode comprometer o rendimento mesmo antes de haver dor intensa. Sinais comuns incluem:
Se for ignorado, o CFA pode levar a alterações compensatórias (lombares, púbicas, joelho) favorecendo o aparecimento de outras complicações e afastar o atleta da competição.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar lesões estruturais e afastamentos prolongados da competição. Para tal, é essencial combinar avaliação clínica e imagiológica:
Confirmando o diagnóstico existem duas possibilidades – tratamento conservador e tratamento cirúrgico.
A maioria dos atletas podem ser tratados sem cirurgia, desde que:
Cirurgia (quando necessária) – Se os sintomas persistirem ou houver lesão do labrum/cartilagem, pode ser necessária artroscopia da anca para reparação ou remodelação da estrutura, seguido de reabilitação pós-operatória. Este procedimento leva a um afastamento do atleta da competição e do treino, sendo expectável o seu retorno entre 4 a 6 meses.
Se te revês em algum dos sintomas que foram descritos, marca já a tua sessão de avaliação e não deixes que a tua dor te limite! Ignorar sinais precoces é o maior risco — intervir cedo é a melhor prevenção.
Ricardo Cardoso, Fisioterapeuta, OF 12565