Radiculopatia Cervical: Dor no Pescoço e Braço

A radiculopatia cervical (RC) ou cervicobraquialgia é uma condição clínica resultante da inflamação e/ou compressão de raízes nervosas cervicais (1–3). Anualmente, a incidência da radiculopatia cervical é de 83,2 casos em 100.000 pessoas (107,3 casos por 100,000 para homens e 63,5 casos por 100,000 para mulheres) com um pico entre os 50 e 60 anos (4,5).

A radiculopatia cervicalpode ser uma dor com componente neurológica que pode resultar do comprometimento do plexo braquial devido à compressão de uma ou várias raízes nervosas. É geralmente sentida na coluna cervical podendo irradiar para o membro superior (MS) (6,7).

👉 Em linguagem simples: é como se o nervo que sai da coluna ficasse “entalado”, causando sintomas que não se limitam apenas ao pescoço e, irradiar para o ombro, braço e até para a mão.

O que pode causar a Radiculopatia Cervical?

As causas mais comuns são:

  • Hérnia discal cervical (disco a pressionar o nervo).

  • Desgaste natural das articulações da coluna (espondilose).

  • Traumas ou acidentes.

  • Movimentos repetitivos ou posturas prolongadas, como passar muitas horas ao computador.

A raiz C7 (herniação C6-7) é a mais comumente afetada, seguida pelas raízes C6 (herniação C5-6) e C8 (herniação C7-T1) (3).

Fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver o problema:

  • Tabagismo;

  • Trabalho pesado com levantamento de cargas;

  • Tarefas repetitivas com pescoço e braços;

  • Histórico de radiculopatia lombar;

  • Pessoas da raça Caucasiana.

Quais são os sintomas mais comuns?

A radiculopatia cervical pode apresentar-se de várias formas, mas os sinais mais frequentes são:

  • Dor no pescoço que se espalha para o braço ou ombro.

  • Formigueiro ou sensação de choque no braço ou mão.

  • Fraqueza muscular (por exemplo, dificuldade em segurar objetos).

  • Alterações de sensibilidade.

Impacto no dia a dia

A radiculopatia cervical pode ser bastante incapacitante que pode prejudicar significativamente a qualidade de vida, tendo impacto na condição económica, devido à baixa médica e salários perdidos, na  participação social e na saúde mental e física (2,8).

Como é feito o diagnóstico da radiculopatia cervical?

O diagnóstico combina avaliação clínica (história dos sintomas, testes específicos, avaliação de movimento, força, reflexos e sensibilidade) e, se necessário, exames complementares como ressonância magnética.
Na consulta de fisioterapia, o foco está em perceber qual o impato funcional e quais os movimentos que agravam ou aliviam os sintomas.

Tratamento da radiculopatia cervical

Embora não exista consenso em relação à melhor abordagem para esta condição o tratamento conservador deve ser privilegiado (9,10).

Assim, é fundamental integrar a fisioterapia no processo de reabilitação dado os bons resultados que aproximadamente 90% dos pacientes alcançam (3).

Neste caso, a terapia manual e o exercício são opções válidas visto que permitem:

 – reduzir os níveis de dor;

– melhorar a força e a mobilidade;

– recuperar a função e a capacidade para realizar as atividades do dia-a-dia;

– melhorar a qualidade de vida (10,11).

 

Se tens dor no pescoço que se estende ao braço, formigueiro, ou fraqueza, não adies a avaliação. Quanto mais cedo começares o tratamento, maior a probabilidade de uma recuperação rápida e eficaz.

💡 Não ignores os sinais do teu corpo.
Na clínica Fisio André Viegas ajudamos-te a encontrar o melhor caminho de recuperação, com planos personalizados e baseados em evidência científica.

👉 Marca já a tua avaliação e dá o primeiro passo para uma vida sem dor.

Filipe Bastos, Fisioterapeuta, OF 1245

Referências Bibliográficas

  1. Woods BI, Hilibrand AS. Cervical radiculopathy: Epidemiology, etiology, diagnosis, and treatment. J Spinal Disord Tech. 2015;28(5):251–9.
  2. Caridi JM, Pumberger M, Hughes AP. Cervical Radiculopathy: A Review. HSS J. 2011;7(3):265–72.
  3. Iyer S, Kim HJ. Cervical radiculopathy. Curr Rev Musculoskelet Med. 2016;9(3):272–80.
  4. Childress MA, Becker BA. Nonoperative management of cervical radiculopathy. Am Fam Physician. 2016;93(9):746–54.
  5. Kim HJ, Nemani VM, Piyaskulkaew C, Vargas SR, Riew KD. Cervical radiculopathy: Incidence and treatment of 1,420 consecutive cases. Asian Spine J. 2016;10(2):231–7.
  6. Ganan Vesga JG. Cervical Radiculopathy: Focused on Primary Care. Int J Phys Med Rehabil. 2017;5(1):1–3.
  7. Bono CM, Ghiselli G, Gilbert TJ, Kreiner DS, Reitman C, Summers JT, et al. Diagnosis and treatment of cervical radiculopathy from degenerative disorders [Internet]. Vol. 11, North American Spine Society. 2011. 64–72 p. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21168100
  8. Mansfield M, Smith T, Spahr N, Thacker M. Cervical spine radiculopathy epidemiology: A systematic review. Musculoskeletal Care. 2020;18(4):555–67.
  9. Colombo C, Salvioli S, Gianola S, Castellini G, Testa M. Traction Therapy for Cervical Radicular Syndrome is Statistically Significant but not Clinically Relevant for Pain Relief. A Systematic Literature Review with Meta-Analysis and Trial Sequential Analysis. J Clin Med. 2020;9(11):3389.
  10. Boyles R, Toy P, Mellon J, Hayes M, Hammer B. Effectiveness of manual physical therapy in the treatment of cervical radiculopathy: A systematic review. J Man Manip Ther. 2011;19(3):135–42.
  11. Liang L, Feng M, Cui X, Zhou S, Yin X, Wang X, et al. The effect of exercise on cervical radiculopathy: A systematic review and meta-analysis. Medicine (Baltimore). 2019;98(45):17–33.