Incontinência Urinária Feminina: como a Fisioterapia Pélvica pode ajudar

A incontinência urinária feminina é uma condição comum, mas muitas vezes subvalorizada. Trata-se da perda involuntária de urina, e pode afetar mulheres de todas as idades, interferindo na qualidade de vida, autoestima e bem-estar.
Apesar de ainda ser um tema cercado de vergonha ou silêncio, é importante saber que existe tratamento eficaz para a Incontinência urinária feminina e a fisioterapia pélvica desempenha um papel fundamental na reabilitação.

Tipos de Incontinência Urinária

Estão descritos 3 tipos de Incontinência Urinária:
1. Incontinência urinária de esforço – Ocorre quando há perda de urina associada a atividades que aumentam a pressão intra-abdominal, como tossir, espirrar, rir, correr ou levantar peso. Pode ser causada por fraqueza da musculatura do pavimento pélvico, mas também por disfunções como hiperatividade muscular ou desequilíbrios na coordenação dos músculos profundos, que dificultam a contenção da urina mesmo quando há força muscular.

2. Incontinência urinária de urgência – Caracterizada por uma vontade súbita, intensa e difícil de controlar de urinar, muitas vezes não permitindo tempo suficiente para chegar à casa de banho. Geralmente associada a contrações involuntárias da bexiga e/ou musculatura hiperativa quer pélvica quer abdominal.

3. Incontinência mista – Quando a mulher apresenta sintomas tanto de esforço quanto de urgência.

Fatores que Podem Estar na Origem da Incontinência Urinária

•Gravidez e parto (especialmente partos vaginais)
•Menopausa e alterações hormonais
•Obesidade
•Cirurgias ginecológicas
•Envelhecimento
•Disfunções do pavimento pélvico (fraqueza, rigidez, ou falta de coordenação muscular)
•Aumento crónico da pressão intra-abdominal (ex. obstipação, tosse crónica, alterações posturais e respiratórias)

A Importância da Fisioterapia Pélvica

A fisioterapia pélvica é uma das abordagens mais eficazes e conservadoras no tratamento da incontinência urinária. O trabalho é individualizado e envolve:
•Avaliação funcional detalhada da musculatura pélvica, postura e hábitos miccionais;
•Exercícios específicos de reeducação e fortalecimento muscular
•Treino da coordenação e consciência corporal;
•Técnicas de relaxamento e alongamento, especialmente em casos de musculatura hiperativa ou tensa;
•Orientações sobre comportamentos e hábitos que reduzem a pressão intra-abdominal (respiração, evacuação, postura, etc.);
•Eventualmente, uso de biofeedback e/ou eletroestimulação, conforme a necessidade.

Ao contrário do que se pensa, nem sempre fortalecer é o foco: em algumas mulheres, a musculatura está tensa e pouco funcional, o que exige estratégias de relaxamento e reeducação antes do treino de força.

 

Com acompanhamento fisioterapêutico adequado, muitas mulheres:
•Recuperam o controlo urinário;
•Reduzem ou eliminam os episódios de perda de urina;
•Melhoram a sua qualidade de vida e confiança;
•Evitam cirurgias ou o uso crónico de medicamentos.

Se tem perdas de urina, dificuldade em segurar a vontade de urinar ou sente que a sua bexiga interfere na sua vida social, profissional ou íntima, não espere que “passe com o tempo”. Quanto mais cedo iniciar o tratamento, melhores os resultados.
A incontinência urinária não é “normal” em nenhuma idade. É comum, sim, mas tratável. E a fisioterapia pélvica está aqui para ajudar.

Martina Ribeiro, Fisioterapeuta Pélvica, OF 10230